Resenha e Cultura: Como foi escrever "Doença e Cura"?
Fabian Balbinot: Doença e Cura começou a ser escrito em 2000, com diversos contos, com temáticas bem diversificadas entre si. Confesso que, no início, não sabia muito bem onde eu queria chegar, e nem tinha muito tempo para escrever uma estória única, por isso optei por escrever mini-estórias completamente diferentes umas das outras, mas cujo enfoque central fosse sempre o anti-vampiro, essa nova criatura que caçava vampiros e se alimentava do sangue deles.
Foi assim durante uns bons cinco anos, em que produzi estórias independentes umas das outras, sempre apresentando vampiros em confronto com o anti-vampiro, até que chegou o ponto em que resolvi reunir as pontas e unificar o enredo todo. O livro ficou em aberto até 2009, quando minha amiga Marynez Barbosa praticamente me obrigou a concluir a estória, que foi publicada em 2010.
RC: De onde surgiu a ideia de criar esse assunto de vampiros? Houve alguma inspiração?
FB: Inspirei-me em uma ausência que notei, mais de dez anos atrás, no ambiente da ficção vampírica. Não havia um inimigo à altura dos vampiros, algo que realmente metesse medo nesses seres, e a maior parte das estórias que eu lia em livros, quadrinhos ou via no cinema mostrava confrontos entre vampiros e outros vampiros, ou entre estes e outros seres sobrenaturais, como os lobisomens. Minha ideia foi desenvolver uma criatura única, uma aberração sobrenatural ou genética, capaz de subverter os poderes dos seres da noite, usando-os contra eles próprios.
RC: Qual a parte mais difícil de escrever um livro?
FB: A parte mais difícil, em minha opinião, é conseguir retomar uma estória depois de ter ficado muito tempo sem escrevê-la. Ainda há pouca valorização ao trabalho do escritor, principalmente o iniciante, o que obriga a gente a trabalhar em outras áreas, impedindo que possamos manter o foco no desenvolvimento de nossas estórias.
RC: Além de escrever, você faz outra coisa? O que?
FB: Tenho dois sites, de onde tiro meu sustento: o catálogo do jogo Magic the Gathering http://www.magicjebb.com.br - único em português no mundo - e a loja virtual http://www.livrariadoinfinito.com.br
Além disso, sou revisor, tradutor e designer de jogos.
RC: Como foi o início de Fabian Balbinot na literatura?
FB: Lá pelo início dos anos 90 eu acabei indo ao cinema assistir Batman o Retorno, e lá estava ela, ao lado de Michael Keaton, Danny deVito e Christopher Walken... a Mulher-Gato, Michelle Pfeiffer... a deusa suprema, a mulher mais linda e perfeita que já existiu, segundo meus critérios pessoais de beleza feminina. Apaixonado, vi que existiam duas possibilidades para minha vida: tornar-me um vigilante mascarado e fatiar bandidos com o chicote de cabo elétrico e lâminas de estilete que eu tinha acabado de confeccionar (sim, eu fiz isso! e quase cortei minha própria cara na primeira vez que tentei usá-lo) ou começar a escrever as tantas estórias birutas que espocavam lá e cá na minha mente, ficar famoso e, caso desse muita sorte, conhecer essa minha diva. A segunda alternativa me pareceu bem mais interessante e viável.
Pra resumir, o escritor Fabian Balbinot é pura e simplesmente fruto de um amor platônico mal resolvido, hehehe.
RC: Fale um pouco sobre você.
FB: Não há muito a dizer. Fora o fato de eu ser biruta, sou um cara comum. =)
RC: Enquanto escrevia, você pensava em desistir? E, com o trabalho pronto, pensou que não daria certo? E agora, se sente feliz com o resultado?
FB: Enquanto escrevo eu não penso em nada, nem se vai dar certo ou em desistir. Penso em desistir, em me arrancar os cabelos, e até em me cortar os pulsos na hora de REVISAR meus textos, hehehe! Dá aquela tremenda vontade de trocar tudo. E foi assim também com Doença e Cura. Mas, definitivamente, o resultado final me agradou bastante.
RC: Qual foi o processo de criação do livro? Quais pesquisas você precisou fazer?
FB: Gosto muito de genética, e boa parte do desenvolvimento da criatura que ataca os vampiros em Doença e Cura se baseia em mutações e evoluções em nível celular. Também procurei aplicar o conceito do socialismo animal ao modo de existir e de se propagar do anti-vampiro. Mas não fiz nenhuma pesquisa importante para desenvolver a estória.
Quanto à criação do livro, ele foi sendo construído aos poucos, e o plano que acabei seguindo foi o de fazer capítulos tão diferentes entre si quanto fosse possível - sempre foi minha intenção dar a impressão de que cada capítulo havia sido escrito por uma pessoa diferente, e acho que consegui isso em alguns deles.
RC: Qual sua parte favorita do livro?
FB: Gosto de Doença e Cura como um todo. São muitas "partes favoritas" e fica impossível destacar apenas uma.
RC: Existe algum outro projeto pela frente? Se sim, qual?
FB: Estou tentando lançar um dos jogos que produzi, o Baralho do Gatuno, e meus contatos estão bem avançados com duas fábricas de jogos aqui do Brasil. Na área literária, a coletânea de contos Metamorfose II, sobre lobisomens, tem um conto meu, O Totem da Dor, e deve ser lançada pela editora Literata até o final do ano.
RC: O que você diria para seus leitores?
FB: Continuem lendo, e eu juro que, mais cedo ou mais tarde, vocês vão acabar topando com mais livros meus! Tenho ainda muito a escrever nessa vida, e espero um dia poder me dedicar somente à escrita.
RC: Fabian, obrigado por aceitar responder essas perguntas, eu te desejo muito sucesso, obrigada pela oportunidade que você proporcionou com seu livro!
Parabéns pela entrevista Tamyres! Já li o livro do Fabian Balbinot, Doença e Cura, e curti bastante. Abraços!
ResponderExcluirAdoro entrevistas!
ResponderExcluirParabéns por ela, adorei as respostas!
Engraçado isso, ele começou a escrever quando não havia muitas histórias de vampiros sendo lançadas e, quando finalmente conseguiu lançar, é o que mais existe hoje em dia!
Beijos!
Realmente vida de escritor é um martírio! O mais difícil talvez seja encontrar leitores hoje em dia, com tanta informação o cara acaba com uma carrada de livros em casa e não tem tempo de ler nenhum. Convido você a ler um conto por dia que escrevo e posto em http://contospromissores.blogspot.com , passa lá para comentar algum. Um abraço.
ResponderExcluirGrande Fabian, sempre com grandes sátiras!!! Hehehehe
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